
Em 2014, os EUA colocaram uma mulher como Chief Technology Office. A escolhida foi Megan Smith, a mulher que esteve por trás do projeto Made With Code.
A importância do cargo me fez lembrar de um ponto que tratamos em alguns dos nossos cursos e que estou para escrever faz um tempo.
Levante os nomes influentes, os que estão fazendo diferença, os que estão sobressaindo, os que estão levando o movimento maker para a frente.
Não importa qual corte seja. O movimento tem um número consideravelmente maior que a média de mulheres em destaque.
Alguns exemplos, apenas para ilustrar o que estou dizendo.
- Limor Fried, fundadora da Adafruit Industries, uma das empresas de maior destaque do movimento.
- Ayah Bdeir, fundadora da Little Bits, uma empresa que dispensa qualquer comentário.
- Jenny Lawton, presidente da Makerbot, um dos players mais importantes de impressão 3D.
- Helen Zelman, co-fundadora da Lemnos Labs, uma aceleradora de hardware.
- Amanda Peyton, co-fundadora da Grand St., marketplace de produtos makers.
- No universo de Wearables tem vários exemplos. Para citar apenas três: Madison Maxey, fundadora da Crated e um dos nomes de maior destaque no universo de Wearable computing; Kristin Neidlinger, fundadora da Sensoree, empresa que cria produtos que misturam roupas e tecnologia de forma adaptativa e envolvente e; Linda Franco, co-fundadora da Machina.
- Becky Pilditch, co-fundadora da Bare Conductive, que faz a tinta condutora que serve para prototipar ou levar eletrônica para a diversão.
- Jane ni Dhulchaointigh, fundadora da Sugru, a massinha do futuro.
- Debra Sterling, fundadora e CEO da GoldieBlox, que produz brinquedos que são kits de engenharia para meninas.
- Kegan Schowenburg, co-fundadora da Sols, empresa que mistura computação e impressão 3D para melhorar o desempenho humano.
- Alice Taylor e Jo Roach, co-fundadoras do makieLab, cujo produto é uma espécie de Barbie DIY.
- Marleen Vogelaar, co-fundadora da Shapeways, o mais famoso marketplace de impressão 3D.
E novos nomes surgindo, como Grace Choi, que hackeou uma impressora comum para imprimir maquiagem, um movimento que pode mudar pra sempre a indústria de cosméticos, que movimenta dezenas de bilhões de dólares todos os anos.
Não é apenas uma questão de comparar com a média geral, de outros segmentos ou indústrias. É também lembrar que o movimento tem um forte traço tecnológico — inclusive na produção de hardware —, onde a presença das mulheres em destaque é ainda menor que em outras áreas.
A pergunta que muitos fariam é:
por que as mulheres mandam tão bem no movimento maker?
Mas esta é a pergunta errada. É sexista, é míope!
Se é mérito da mulher se dar bem no movimento maker, seria desmérito se dar mal em outras frentes. A pergunta poderia ser:
por que as mulheres não conseguem o mesmo desempenho em outras áreas?
Novamente, é a pergunta errada.
Ambas podem trazer o entendimento que a culpa ou a deficiência está nas mulheres. Partem do princípio que a mulher é inferior, quando sabemos que, se existe alguma diferença, elas estão facilmente em vantagem.
Então, talvez a pergunta correta seja: o que o movimento maker tem de especial que permite que as mulheres atinjam seu verdadeiro potencial?
Seria por:
- ter um forte elo com comunidade e, por isso, ser menos preconceituoso?
- ser um movimento de pessoas e por isso menos propício aos “vícios” e preconceitos do século passado, tão comum em grandes empresas?
- ser uma nova indústria e, portanto, muito mais aderente a cultura atual, onde o preconceito e a ignorância não cabem mais?
- ser um campo tão vasto para criar coisas, portanto bem menos tedioso para as mulheres que outras áreas?
- ter tecnologias tão fáceis como Arduino e impressão 3D, derrubando a ideia que tecnologia é algo difícil para mulheres, percepção que foi massivamente imposta?
- E, sendo sexista, mas contrário ao padrão, seria por ser um movimento que exige uma série de inteligências e qualidades (senso de comunidades, criatividade, perseverança, preocupação com detalhes etc.) que são mais facilmente encontradas em mulheres do que homens?
Eu não sei a resposta. Mas se eu fosse mulher e engajada, tentaria descobrir. Pode ser uma maneira interessante e efetiva de descobrir como dar mais oportunidades para as mulheres.
Eu acredito muito no poder do exemplo, então a boa notícia é que isso deve se alastrar para outras indústrias.
Uma mulher que se destaca, inspira e favorece muitas outras a florescerem.
GO WOMAN GO!
abaixo, slide que usamos em um dos nossos cursos para falar desta questão
